Ayer, en el Centro Cultural Vergueiro, SP.
















Nor destino      
                                                                   FV

Passam dias
semanas, sei lá.
Eu viajo, trabalho
pego trem, metro.
Avião.
Mais continuo na respiração daquela rua.
São Caetano do Sul
fim daquele fim de dia.

A hora do tremor.
O helicóptero obscuro
pousa no teto
das casas Bahía
e parte logo, enseguida
um resgate, um secuestro
tudo pode la encima.

Aqui, embaixo
as pessoas se apreçam
voltam pra casa
esta frio.

Há um homem quase barbado, quase velho
quase morador de rua.
“Quase meu avo”, pensei.
Ele bate as mãos, os braços,
contra as portas de aço
já fechadas
das casas Bahia.

Ele grita.

Não sei por que
nem suspeito os motivos
mais os passantes riam.
Desciam na rua
andavam distantes
do quase barbado
quase velho
quase morador de rua.
Quase meu avo
machucando braços, mãos, pés
contra as portas de aço
já fechadas
das Casas Bahia.

Passam dias
semanas, sei lá.
Eu viajo, trabalho
pego trem, metro.
Avião.
Mais continuo na respiração daquela rua.
São Caetano do Sul
fim daquele fim de dia.

A hora do tremor.
O helicóptero obscuro
pousa no teto
das casas Bahía,
 parte logo, enseguida
um resgate, um secuestro
tudo pode la encima.

Aqui embaixo
as pessoas se apreçam
voltam pra casa
esta frio.

Não consigo entender
nem sequer suspeitar
os motivos,
mais os passantes riam.
E aquele quase barbado, quase velho
quase morador de rua,
quase meu avo
continuava batendo
continua batendo
até agora
a porta de aço
branca, azul, vermelha,

- Quero voltar pra casa!
   Pelo amor de Deus, quero voltar pra Bahia!


«¿Qué cree usted que es un artista? ¿Un imbécil que sólo tiene ojos si es pintor, oídos si es músico o una lira que ocupa todo su corazón si es poeta? Bien al contrario, es un ser político, constantemente consciente de los acontecimientos estremecedores, airados o afortunados a los que responde de todas maneras. No, la pintura no se hace para decorar pisos» (Picasso, a un periodista, tras la IIGM) Fuente: Diario "El Mundo, Madrid"

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